Bem-feito para os dois!

Sou leitor bissexto do jornal Folha de São Paulo onde o que mais aprecio são os artigos (pág.2) de Hélio Schwartsman. Por conta deste hábito tropecei numa disputa entre Tarso Genro e Samuel Pessôa.

Quando era Diretor da EAESP/FGV escrevi para Tarso Genro discordando de ideias suas contra a iniciativa privada envolver-se no setor de Educação. Basicamente lhe disse que “ele estava sem porto e sem bússola” para usar sua expressão no artigo de 10/04 p.p.  Ele, que na época era Ministro do Governo Lula não me respondeu.

Com Samuel Pessôa meu desencontro foi presencial. Compareci, como espectador, no Rio de Janeiro, a um debate entre economistas que defendiam os planos de governo de seus candidatos para a eleição presidencial de 2018. No final do evento, depois das apresentações protocolares, solicitei a Pessôa uma oportunidade para nos encontrarmos e discutirmos a Governança Corporativa da FGV. “Você está querendo discutir um assunto muito complexo!” Dito isto virou-se e deixou o local.

Sei por experiência própria, que é mais fácil opinar sobre um assunto em tese, mais difícil que por as mãos na massa e trabalhar para mudar de fato o que não gostamos. Discutir em tese melhor ainda quando for algo longe de nossa atividade diária; mais fácil é opinar sobre Estados distantes do que corrigir o Rio de Janeiro e eu ainda fui convidá-lo para  passar a limpo e eliminar as irregularidades da organização interna. Ora bolas!

Ao ler réplica e tréplica, lembrei-me de um comentário do jornalista Samuel Wainer, que ao noticiar o casamento de Ellis Regina com Ronaldo Bôscoli, pessoas sobre as quais não tinha boa opinião, exclamou: “Bem-feito para os dois!”. Seu comentário é muito adequado para o caso em questão.

Michael Paul Zeitlin foi ex-diretor da EAESP/FGV, ex-Secretário de Transportes do Governo Covas 1997/2002.